terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O CONTO DO VIGÁRIO

«O padre de Campo, Couto, Roriz e Tamel S. Fins, em Barcelos, vai deixar de dar os sacramentos e privar o acesso a todos os bens, movimentos e serviços (missas de sufrágios, catequese, atestados) naquelas quatro paróquias aos fiéis que não estejam inscritos nem tenham pago a côngrua (um dia do salário mensal) até ao próximo dia 23. O aviso, lançado no boletim paroquial e no fim da missa dominical, "sustenta-se no que diz o direito canónico e a Conferência Episcopal", realçou Avelino Castro, de 29 anos e sacerdote desde 2006.Para os paroquianos que desrespeitarem os prazos há ainda uma penalização: regularizar a situação implicará o pagamento de uma coima no valor de 50 euros por cada ano em falta. Aliás, a côngrua ("direitos paroquiais") de 2008 deve ser liquidada até Fevereiro. A "fórmula" exige pagamento do chefe de família, mulher e filhos empregados. Reformados "também pagam, recebem por mês 200 a 300 euros", nota o padre. Em Roriz, 182 em 622 famílias estão com "direitos" em falta.Muitos fiéis indignaram-se. "O padre foi arrogante e dramático. Exigiu dinheiro a reformados, disse que não o vão fazer de lorpa, que a pensão deles é mais de 10 euros/dia. Mas esquece-se que alguns passam fome e não têm luz eléctrica", notou uma paroquiana, que face às "ameaças de pagar para rezar" decidiu "nunca mais" ir a missas em Roriz, recorrendo a igrejas vizinhas."Tirar o meu filho da catequese, não fazer baptismos e pôr medo à minha mãe, que agora acha que se não pagar não tem quem a enterre, é de loucos", reagiu uma conterrânea. Garantiu ainda que ouviu "da boca do sr. padre", no fim da missa, que, para um funeral de "incumpridores", "a igreja será alugada e quem quiser arranje outro padre"."A igreja nem é dele, só faltava isto", reagiu a moradora, que não percebe as exigências de Avelino Castro, "só nos afastam de Cristo". Deu um exemplo: cada intenção da eucaristia (pessoa ou grupo lembrado) vale 7,5 euros, conforme pede a arquidiocese; cada missa em Roriz evoca em média dez intenções e, como há 12 missas por mês, somam-se 1200 euros, só naquela paróquia.Avelino Castro negou ter feito no fim da missa os comentários referidos. "Isto é como a carta da EDP com aviso de recepção. A Igreja é livre para todos, mas há direitos e deveres, temos de ser justos. As pessoas estiveram habituadas nos últimos 50 anos a fazer o que lhes apetecia", realçou. E lembra que, tal como era explícito no boletim paroquial, "quem paga os direitos paroquiais fica isento de pagar qualquer serviço da paróquia". A côngrua destina-se ao Fundo Paroquial, que é gerido pelo conselho económico (ex-Comissão Fabriqueira), que paga as despesas da paróquia, desde o ordenado do sacerdote às obras.»

Enviado via email:

«Manuel tu leste isto ? Tens que escrever a esta paróquia e a este Padre! Falta de vergonha!!!»

Resposta:

Por acaso já tinha lido a noticia, mais uma do «conto do vigário».
Por um lado de que valem os referidos sacramentos? Quem os irá querer pagar?
Isto é prática corrente da igreja católica ao longo da sua história: sempre venderam indulgências para alimentar os luxos de Roma... Este padreco é só mais um apostado no comércio tradicional, contrastando com a dimensão do hipermercado de Fátima (entre muitos outros)... Choca talvez... mas é realidade costumeira das paróquias, templos e catedrais: as missas pelas almas são pagas, os baptizados também... uma vez escutei de um padre que a capela mortuária era uma das extruturas mais importantes de uma igreja, porque nela os «clientes» não falhavam... toda esta história já é muito velha, o tal Jesus até tentou expulsar os vendedores do templo à porrada, mas não conseguio...
Vigário quer dizer padre, e vigarice? Este vigarista apenas é mais um a chantagear, ridiculamente porque a cultura e a evolução já não apontam para o consumo de sacramentos, passamos bem sem eles!
Preocupa-me mais os preços de um remédio para um idoso, ou dos livros de estudo para uma criança... Se querem cobrar 5.000 € por um baptizado não é grave, mas claro que é uma vigarice... Tempos houve e bons (na Primeira República) em que os padres foram aqui em Lisboa parar à prisão do Limoeiro, e cá por mim os espaços das igrejas podiam ser entregues para outras necessidades mais emergentes que o culto, actos sacramentais e comércio religioso.
O padre e o resto, o diabo que os carrregue!
Ámen!!!